quinta-feira, 11 de março de 2021

Sintomas de uma Febre Existencial

Acordei inebriada. Pensamentos recheados de algodões, afofando a cabeça. Piscar dos olhos lentificados. Suspensão em se sentir e ver. Levantei em passos letárgicos. Meus pés não se acostumaram ao chão. Uma espécie de dormência envolvia meu corpo. Como se o externo me prensasse vagarosamente. Me sentia em um mergulho. Ouvidos semi tampados. Onde mais se desce. Mais pressão. Pressão homeopática. Dá para respirar mesmo que ainda se precise de fôlego. Em passos estranhos cheguei ao banheiro. Me perdi até entender o que de fato fui fazer ali. Ah sim. Urinar. Sei lá. Deve ser. Sentei- me ao vaso, e esperei ver se de fato era isso. Um mínimo fio de urina saiu. Bom, então não era isso. Me enxuguei. Dei descarga. Me levantei. Lavei as mãos. E pensei: deve ser sede ... Voltei ao quarto em passos tortos ainda, mas um pouco mais estruturados. Peguei a garrafa de água, quase vazia, e depositei todo o resto no copo. O copo encheu pela metade. Bebi. Me deu frio. Me arrepiei. Tomei mais um gole. Me arrepiei mais ainda. Corri para me deitar novamente. Uma sensação de quem precisa se deitar e se aquecer. . . Me encolhi. No casulo dos lençóis. Me sentindo um feto. Pensando por que diabos levantei. . . Úrsula C.